sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Nenhuma degustação é igual a outra



Ao ler a chamada da reportagem Experiência mostra que uma degustação de cerveja nunca é igual à outra, concordei logo de cara, sem sequer ler a matéria. Quando abri o link e dei uma lida, continuei concordando com o título, porém a experiência que o texto cita como exemplo não é de cerveja é na verdade uma experiência sobre comida. No final da reportagem é que fala que o copo, a luminosidade, a cor entre outras coisas podem afetar a degustação da cerveja, todavia não há comprovação científica sobre isso, pelo menos que seja citada nesta matéria.

Entretanto pensando no assunto, como disse concordo com o fato que nenhuma degustação é igual à outra, por isso, resolvi fazer uma matéria aqui no MESA DE BAR com Ivo Medeiros sobre o assunto.

Antes de falar das minhas experiências, devo dizer o que acho que faz com que cada degustação seja única:
Conhecer a cerveja (o estilo e história);
Degustar no copo e temperatura ideal;
Paladar mais apurado;
Saber harmonizar com a comida certa (caso na degustação tenha alguma comida);
E se há rótulos diferentes na degustação numa mesma noite (ou dia).

Esses 05 itens que citei, não são os únicos, acredito que há vários fatores com que faça sua degustação ser sempre única, pois mesmo que você beba na mesma temperatura, no mesmo copo, conhecendo o estilo, bebendo apenas uma cerveja na ocasião e sem harmonizar, tenho plena convicção que cada degustação será diferente, sem exceção, pois há outros fatores que irão influenciar na sua percepção.

Existem vários estilos de cervejas e a cada dia surgem mais (a criatividade, principalmente, da escola americana faz surgir novos e surpreendentes estilos). Há aqueles que não concordam, respeito, mas acho importante sim que a pessoa tenha pelo menos um pouco de conhecimento sobre o estilo que estar bebendo, afinal conhecimento nunca é demais. Sobre conhecer um pouco mais sobre a história pode até não ser tão decisivo na degustação, mas por que não conhecer um pouco da história da cerveja que você irá degustar? Como disse conhecimento nunca é demais, além disso, um pouco de cultura não faz mais mal a ninguém.

Agora, talvez o que mais interfira entre uma degustação e outra seja esses dois fatores: Copo e temperatura. Saber o copo em qual você irá degustar uma cerveja é importantíssimo, já que as cervejarias não iriam gastar tanto dinheiro para criar um determinado copo para sua cerveja. Tenho em casa uma coleção, pequena ainda, de copos de cervejas que me permite beber cada cerveja em seu copo específico e isso faz uma grande diferença nas degustações que faço hoje das que fiz logo quando entrei no mundo das cervejas. Sobre a temperatura, nós brasileiros desde cedo fomos convencidos que a melhor cerveja é aquela estupidamente gelada. Estúpidos fomos nós em acreditar em tal mentira. As grandes cervejarias nos fazem acreditar nisso para encobrir a péssima qualidade de suas cervejas, pois quanto mais gelada a cerveja estiver, menos sabor você irá perceber. E no começo de qualquer degustador de cerveja especial, beber uma cerveja não tão gelada é um pouco complicado, você acha estranho. Não tenho como conferir a temperatura da cerveja antes de degustá-la, todavia costumo deixar as cervejas que irei saborear um dia antes na geladeira, exemplo se vou beber uma cerveja na quarta, então já deixo na terça gelando e se for uma cerveja que a temperatura for mais alta, antes de abrir eu deixo um tempo fora da geladeira. Acho que este fator temperatura é mais importante que saber o copo ideal, pois na mesma degustação você consegue sentir sensações diferentes com o passar do tempo e a cerveja vai esquentando.

Outro fator que deve diferenciar bastante é o paladar que com o tempo vai ficando mais apurado e por que não dizer, mais exigente. Com o passar do tempo, a cada degustação você vai digamos assim ficando mais por dentro dos sabores e aromas que a cerveja possui. Consegue destacar com mais facilidade determinado aroma do lúpulo ou sabor de alguma especiaria que a cerveja possua.

Para os que gostam de degustar harmonizando com alguma comida, é importante saber que há as que evidenciam, potencializam e que cortam as características de determinada cerveja. Aqui no blog sempre que falo de alguma cerveja indico boas harmonizações, por isso acho importante saber o estilo da cerveja para que você conhecendo-a escolha o prato para harmonizar, tendo em mente se quer potencializar, evidenciar ou cortar a alguma característica daquela cerveja.

É bastante relevante para uma degustação mais apurada se no dia (ou noite) você irá degustar apenas um rótulo ou vários, pois uma cerveja pode acabar interferindo em sua percepção da próxima cerveja. Se você deseja analisar apenas uma cerveja, o ideal é que você se dedique a ela. Caso você vá beber vários rótulos no mesmo dia (ou noite), existem algumas dicas como beber água ou comer uma bolacha entre uma cerveja e outra, ou começar da cerveja com menos teor alcoólico para o maior. Contudo, tenho certeza que mesmo assim se você fizer uma degustação de uma cerveja tendo bebido outros rótulos e em outra ocasião ficar apenas com aquela determinada breja, você perceberá que a degustação foi completamente diferente.

Essa minha conclusão não é científica, apenas uma pequena dedução depois de degustar várias cervejas e perceber que nenhuma degustação foi igual a outra. Um dos melhores exemplos que posso contar é sobre minha experiência com a Brooklyn Black Chocolate Stout. Uma cerveja do estilo Russian Imperial Stout que na minha primeira vez nela eu a odiei. Achei a cerveja horrível, gosto de café puro, até fiz um comentário que a cerveja deveria se chamar Brooklyn Black CAFÉ Stout. O engraçado que todos meus amigos que já haviam degustado essa breja, tinham achado uma bela cerveja, por isso decidi por voltar nela para ver no que dava. Para a minha surpresa, a breja fez jus aos comentários sobre sua boa qualidade. Foi uma experiência completamente diferente da primeira ocasião, seu aroma e sabor estava mais apurado, seu sabor se destacava mais. O que mudou entre uma e outra ocasião? Não sei.

O caso da Brooklyn foi um mudança extrema de opinião sobre a mesma cerveja, mas na maioria dos casos a diferença não é assim tão perceptível, porém ela existe sim.

Você concorda comigo?

Não deixei de votar no MESA DE BAR com Ivo Medeiros no prêmio TOPBLOG 2013 pelo link http://www.topblog.com.br/2012/index.php?pg=busca&c_b=21405

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2 comentários:

  1. Olá, Ivo!

    Boa matéria! Às vezes a gente fica encafifado, achando que tem alguma coisa errada, que a receita mudou, que está estragada etc., mas variações são perfeitamente comuns. Eu gostaria de destacar mais um fator importante: existem variações significativas causadas pelo transporte, acondicionamento e tempo transcorrido desde o envase. O gosto de uma cerveja é vivo, continua se transformando depois que ela sai da fábrica, por vários motivos. E esse é um dos motivos pelos quais pequenas variações são comuns.

    Abraços,
    Alexandre A. Marcussi

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    Respostas
    1. Mestre Alexandre,
      realmente a distribuição da fabrica até os pontos de vendas é algo que interfere em muito o gosto, aroma e sabor da cerveja.
      Passei despercebido por esse fator na hora de escrever o texto. Por isso é tão importante o feedback com os leitores.
      Abraço

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